domingo, 31 de agosto de 2014

O Buraco - Parte II

DESESPERO



Para o amigo foi a coisa mais estranha que viu em alguém. Rogério logo contou aos pais que vinham lhe visitar no fim de semana, a mãe estava se afogando nas próprias lagrimas, o pai ficou arrasado com o tamanho do buraco. Ver o pai transtornado foi o que deixou-lhe mais desestabilizado. Alice foi visita-lo, não acreditou no que viu, nem no que ouviu.
-Tem cura?
-Não sei.
-Como ninguém nunca viu?
-O terapeuta me fez enxergar, só conseguem ver quando eu conto.
-Sempre esteve ai?
-Sim!
-Mas você me parecia tão feliz.Tem cura?
-Amor, eu não sei.
Alice ficou com cara de velório, sem jeito disse que precisava ir, abraçou Rogério com cuidado e beijou-lhe, estava na cara que ela queria fugir.
O final de semana passou, os pais de Rogério viram que ele estava aparentemente bem e partiram, sua mãe ligava ao menos três vezes ao dia.O amigo sempre presente disse: Cara, você precisa esquecer esse vazio e levar a vida como era antes.
-Nunca mais será igual.
-E se não tiver cura?
-Aaahhh, Rogério, para, a cada dia se descobri cura para alguma coisa.
-É mesmo.
-Vamos extravasar essa noite?
-Tá, pode ser.
Mais tarde quando Pedro chegou viu Rogério triste e desmotivado, percebeu que o buraco estava maior, mas se fez de desentendido e perguntou: O que aconteceu?
-Mano, a Alice terminou comigo.
-Precisava ser logo agora?
-Achei ótimo ter sido assim, não queria ela comigo por pena.
-Pior que é. Para ela ter feito isso certamente não te amava.
-Pode ate ser isso, mas eu vejo que se foi mais um pedaço de mim,olha como ficou maior.
-Rogério, ela terminou o namoro é o vazio cresceu? E se esse problema se resolver com sentimentos, emoções e sensações?
Uma pausa...
Rogério olhou radiante para seu amigo como quem olha para Albert Einstein.
-Não me olhe assim, eu só deduzi o caso.
-Cara você pode ter encontrado a cura para o meu problema. Isso é incrível.
Os dias se passaram e Rogério não sentia tanta falta de Alice, na verdade a descoberta de seu amigo lhe deixou tão esperançoso que mal tinha tempo de pensar em seu antigo relacionamento, foi impulsionado a viver com intensidade; A principio começou com a balada daquela noite onde dançou, bebeu, fez novos amigos e nos dias que se seguiram percebeu que quanto mais estava ocupado mais insignificante o buraco ficava, cada copo, cada festa, cada mulher que caia na sua rede deixa-o um homem mais normal tanto quanto todos poderiam ser, a cada manhã quando ia escovar os dentes e se admirava no espelho e percebia que o buraco ainda estava ali, ora maior ora menor. Um dia desses, quando Rogério não esperava ninguém em sua casa a campainha tocou, viu no olho magico que era Alice.
-Quanto tempo!
Alice ficou sem jeito e disse: Faz algum tempo.
A tristeza era evidente em seu olhar, a fala confirmava o sentimento que Alice carregava consigo.
-Em que posso ajuda-la?
- Precisamos conversar.
-Sobre?
-Estou doente.
Alice desabotoou alguns botões da camisa e mostrou a Rogério
-Tenho um igual ao seu, agora.
-E como você esta se sentindo?
-Tentei suicídio algumas vezes, mas não tive coragem o suficiente... sou uma covarde. Disse frustrada.
A ex começou a chorar, Rogério amparou-a em seus braços e consolou a pobre menina de coração vazio.
-Calma garota, você é muito corajosa, ainda esta aqui.
-Eu não sei mais o que fazer.
-Tenho a resposta.
-VOCÊ TEM A CURA?
-Não é bem a cura, mas te faz se sentir melhor.
-Qual é o remédio? Vende em qual farmácia?
-Não vende...
-Como faço para ter esse remédio?
-Esse vazio é a ausência de sentimentos, emoções e sensações, não sei bem.
-E como me curo?
-Viva a vida como se fosse morrer amanhã. Viaje, faça coisas que goste de fazer e tenha o máximo possível de amigos ao seu redor, você vai perceber que quanto mais se sente feliz e amada menor fica o vazio.
-É sério?
-Experimenta para vê se funciona.
Os olhos de Alice brilharam como o de uma criança quando ganha um doce, seu choro e lamento já tinham perdido espaço para um tímido sorriso de esperança.
Naquele dia Rogério contou como o fato de ela ter lhe deixado contribui para a solução do problema, que agora ambos sofriam.
Alice ficou admirada e até pensava em reatar o namoro. Essa expectativa fez com que um notasse o vazio do outro diminuindo.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O Buraco - Parte I

A DESCOBERTA



Virou para seu amigo Pedro, colocou as mãos no rosto e começou a chorar.
- Acho que sou um fracassado.
Ele, que era o popular entre as mulheres, exibia seu físico na praia, ótimo nadador, extrovertido e se via frustrado:
- Terminou o namoro?
- Não.
- O que aconteceu?
Nenhuma resposta foi ouvida naquela sala, Pedro foi a cozinha e volto com uma garrafa de vinho e dois copos, quando chegou, teve um choque e se desesperou:
- Meu amigo o que esta fazendo no chão?
- Não sei mais o que fazer.
Cheguei mais perto dele ofereci apoio para que ele se levantasse e disse: você quer sair?
- Não,só preciso dormir.
Depois de algum tempo, Alice toca a campainha, para sua surpresa o amigo de Rogério atendeu a porta. Ela foi até o quarto e
ao encontrar Rogério, fez carinho, encheu-lhe de beijinhos apaixonados, tentou conversar com ele e não teve dúvidas.
-Depressão.
Nos dias que se seguiram Rogério tomou a garrafa de vinho sozinho, chorou,pensou em todas as coisas que aconteceram em sua vida,
não foi hipócrita reconheceu que até aquele momento maiores foram as alegrias do que as tristezas. Alice ligou varias vezes durante a semana sem sucesso e quando conseguiu falar, reclamou: Como é,Rogério? E essa depressão que não passa!
Eu sou o motivo dela?
Em voz lenta e sem emoção ele disse: Não. E foi a primeira vez que resolveu falar em psicologo para tentar levantar sua baixa estima.Depois que melhorou um pouco passou a marcar sessões de terapia. Passaram-se algumas consultas e o terapeuta foi direto em suas palavras: Você precisa se encontrar no espaço, tem um vazio que precisa ser preenchido.
O homem franziu a testa e indagou:
O que isso quer dizer? Que estou perdido?
E o terapeuta:
Você precisa se encontrar, precisa procurar algo para tapar esse buraco. Indicou com o dedo a região do peito.
Rogério acompanhou o movimento e ao olhar para a área do coração, veio a resposta para tanta tristeza, tanta desmotivação sem aparente explicação.
-VAZIO!?
Era a surpresa com a incerteza do obvio, se questionou e colocou a mão de um lado para sair do outro e até olhou no espelho para ter certeza do vazio que sempre esteve ali mas nunca tinha sido percebido nem por ele e nem por ninguém.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A Perseguição - Por: Darlan Grossi

Os sentidos do jovem já tinham se perdido na amarga estrada da vida,naquela noite voltava para
casa sem companhia, o deserto das ruas lhe deixavam com certa insegurança, tentava concentrar seus pensamentos em qualquer outra coisa mas a unica coisa que vinha a mente era o MEDO de ser assaltado, ou até mesmo, ter seus órgãos vendidos em um mercado negro, a essas horas já estava pensando no próprio corpo abandonado em uma banheira com gelo em qualquer Motel barato pela cidade. 
Percebeu que alguém estava as espreitas, como um lobo pronto para atacar, diversas vezes olhou para traz, mas não viu ninguém, enquanto caminhava, podia escutar alguém lhe seguindo, seus passos aumentaram de velocidade, a pupila dilatou, o coração acelerou, e seu corpo estremeceu com a quantidade de adrenalina liberada, apos virar diversas vezes na tentativa de identificar seu perseguidor, chegou a conclusão que naquele momento a melhor coisa a se fazer era correr. foi-se o jovem na disparada, era pouco menos de um quilometro até chegar em casa, quanto mais corria, identificava pelo som que seu perseguidor estava mais próximo, e cada vez mais próximo. Subiu as escadas em acelerado, deixou a chave cair e não teve coragem de descer, se ajoelhou e começou choramingar e suplicar misericórdia ao suposto perseguidor, minutos depois percebendo que nada aconteceu ou iria acontecer, se acalmou e disse para si mesmo: Que viagem doida.
Finalmente resolveu se levantar e pegar as chaves e percebeu que não tinha, assaltante, assassino e nem traficante de órgão humano em seu encalce, a ideia de perseguição foi dada por um papel de sorvete que estava grudado no sapato o tempo todo.
Klein sentiu-se o mais covarde de todos, teve pavor de imaginar o que seus amigos pensariam, se tivessem visto o papelão dele diante de uma embalagem grudada em seu sapato. 

domingo, 17 de agosto de 2014

A Verdadeira Revolução esta na Educação


A grande hipocrisia estava na boca do revolucionário que fumava um Calton,
O mesmo cigarro fumado pelos marinheiros abordo de um navio qualquer,
Era produzido por uma fabrica em algum lugar sobre ordem de um milionário. 
Sem educação não se faz revolução, o progresso não esta na ordem das coisas.
Mas se encontrava no progresso mental do falso socialista que esteve dormindo,
Quando acordou descobriu que todo o comunismo era um sonho bom e o socialismo 
Existente era pura utopia, mentirosos eram os Burgueses que não dormiram nem sonharam.
Apenas dançam a musica, jogam o jogo respeitando as regras difíceis.
Viver é melhor que sonhar, treino é treino e jogo é jogo,
Então por que não treinar certo para se ganhar o jogo?
Não concorda com as regras do jogo? Fuja.

Não quer ser covarde? Jogue.
Não quer jogar? Fuja.
Não quer fugir? Jogue.
Não quer jogar? Observe.
Não quer observar? Jogue.
Não quer jogar? Então reclame, proteste, proclame.
Não garantimos mudança sem educação.
Obrigado.





Esses versos são as minhas impressões formadas e inspiradas por um filme chamado Os Edukadores (detalhes abaixo),  se encontra disponível no YouTube, recomendo aos meus amigos que gostam de um bom filme Cult, querendo se aprofundar nos aspectos filosóficos desse filme recomendo um podcast do link abaixo.

EDUKATORS 


Jan e Peter são dois jovens que acreditam que podem mudar o mundo. Eles se denominam como "Os Educadores" - rebeldes contemporâneos que expressam sua indignação de forma pacífica. Eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e espalham mensagens de protesto. Jule é a namorada de Peter, que está passando por problemas financeiros e, por causa deles, está saindo de seu apartamento alugado. Tempos atrás Jule se envolveu em um acidente de carro, que destruiu o automóvel de um rico empresário. Condenada pela justiça, ela precisa pagar um novo carro no valor de 100 mil euros, o que praticamente faz com que trabalhe apenas para pagar a dívida que possui.

Título original: Edukators

Direção: Hans Weingartner
Ano: 2004
Origem: Alemanha
Duração: 126 min.
Colorido
Elenco: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg
Classificação indicativa: 14 anos
Prêmio: 2004 - Munich Film Festival -- Prêmio jovem do cinema alemão -- Melhor ator (Stipe Erceg), melhor direção (Hans Weingartner), melhor roteiro (Hans Weingartner e Katharina Held)
2005 - Bavarian Film Awards -- Melhor atriz jovem
(Julia Jentsch)
2005 - German Film Awards - Film Award in Gold -- Melhor ator coadjuvante (Burghart Klaußner) // Film Award in Silver -- Melhor filme 2005 - German Film Critics Association Awards -- Melhor atriz (Julia Jentsch) / Melhor filme (Hans Weingartner)
2006 - Chlotrudis Awards -- Melhor filme na categoria "Tesouro enterrado"


PODCAST que discute o assunto mais filosoficamente. 

A riqueza é um problema da sociedade? A pobreza é culpa de quem é rico? Num bate papo descontraído, Rodrigo e Isaque discutem os problemas dos modelos econômicos mundiais, a má distribuição de renda e o pragmatismo social nesse filme cult de circuito alemão.

http://cristaoscansados.net/filosofando-03-os-edukadores/


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Relatos de Naufrago

O dia em que sai de casa era frio e chuvoso, não olhei para traz não queria correr o risco de desistir e ser
reconhecido como covarde.  Parecia ser meu último dia, tudo que vivi até ali correu em minha mente. Será que vou conseguir? Será que é a melhor coisa a se fazer? Diante de todos esses questionamentos tive meus valores éticos e morais desconstruídos para ser construído um caráter forjado em ferro e fogo. Estávamos isolados do mundo, dos amigos e da família. Rodeados de diversas pessoas na mesma situação. Alguns desistiram de viver, outros morreram vivos sendo levado a um estado deplorável de miséria mental sem referência de humanidade, foram retirados de nosso convívio em camisa força ou jogados ao mar. Com o tempo fomos encontrando nosso grupo, as novas amizades impediram a extinção da identidade pessoal além das cartas que soavam em nossas vidas como ecos do passado que nos faziam ter sentimento e impedir que nos transformássemos em bucaneiro apesar de alguns terem hábitos de piratas.

domingo, 3 de agosto de 2014

Livro Fiel de Jessé Andarilho

Título: Fiel

Autor: Jesse Andarilho
Editora: Editora Objetiva
Edição: 1
Ano: 2014
Idioma: Português
Especificações: Brochura | 216 páginas
ISBN: 978-85-3900-583-3
Peso: 280g
Dimensões: 210mm x 140mm




Um jovem Cristão, aluno aplicado, ótimo filho e ainda bate um bolão como ninguém, à história se passa na comunidade de Antares onde tem um grande amigo que se chama Girino, esta com ele nas horas boas e ruins quando possível, na favela também vive seu amor platônico Jéssica que só da bola para os bandidos e se aproxima de Felipe quando precisa tirar boas notas na escola, Felipe vê na separação dos pais uma oportunidade de fazer tudo o que seu pai recriminava desde ouvir músicas fora do contexto religioso até o de ir ao baile funk onde todos os seus colegas se encontravam, na rua ele é reconhecido por suas habilidades futebolísticas e convidado por um dos bandidos para jogar no time do trafico contra um time rival, o jovem aceita e impressiona o Chefão que paga por cada gol feito depois desse jogo sua vida muda para sempre o leitor que acompanhar essa trama de pouco mais de duzentas páginas sentira vontade de rir e chorar vai ter tanta raiva que ira querer jogar o livro pela janela ou contra a parede, vai se afeiçoar tanto com o personagem que se não cuidar correra o risco de ser diagnosticado com a Síndrome de Estocolmo.

        Jessé Andarilho cria uma boa narração que prende o leitor de uma forma dinâmica, com diálogos bem arranjados que faz a leitura fluir rápido, em algumas horas o livro chega ao fim com gosto de quero mais. Personagem está incutido em nosso cotidiano à história tem um pouco dos problemas de cada cidadão, mesmo que de maneira superficial, pois o foco do texto é nos mostrar o ciclo de um jovem no tráfico.