segunda-feira, 29 de setembro de 2014

DESAPARECIDO

"Há um modo de fugir que se assemelha a procurar." (Victor Hugo)


Um cartaz de desaparecido estava a algum tempo nas ruas da cidade, na verdade haviam muitos cartazes, alguns já perdiam a cor com o tempo, e junto das cores ia a esperança de encontrar seus entes queridos com vida. Em especial aquele cartaz que chamou-me a atenção era do irmão de meu amigo Renan e eu fui pessoalmente tomar conhecimento do caso. 

Meu amigo ainda estou preocupado com seu irmão, ele apareceu?
Que nada, ele é cão solto, já sumiu outras vezes quanto tinha menos idade... O problema é a época.
Onde ele estava na outra vez? Ele tem algum problema mental? Tinha algum vicio? Alguma revolta? Sei lá algo que explique?
O silêncio se instaurou... 
Desculpa cara, eu sou seu amigo, não do seu irmão, imagino quanta gente deve tá te fazendo um monte de pergunta chata. Não precisa dizer nada...
Que isso? Você bem disse é meu amigo e bem sei que você é amigo de muita gente e em muitos lugares. Saber nunca é demais.
Fiz um gesto de assentimento com a cabeça e ele prosseguiu.
A ultima vez... Ele tinha uns 13 anos, vivia como Nômade, porém ficou um tempo nas ruas da lapa, onde aprendeu toda a malandragem dos meninos de rua, era menor e queria se fez maior, vendendo bala no ônibus para viver sua vida errante descobriu que conseguia muito mais dinheiro do que eu conseguia trabalhando no McDonald's. Conheceu a noite como uma diva glamourosa que se apresentou a ele escondendo todo o perigo que ela poderia oferecer-lhe. De certo Fernando inocentemente foi apresentado para a maconha, enquanto eu nunca tinha fumado um cigarro simples e já era paparicado por algumas mulheres que cuidaram dele nesse tempo, disse-me que aconteceu ele provou e gostou, elas também gostaram e passaram a se vender para ele por um preço muito abaixo do mercado das prostitutas enquanto eu ainda era virgem.
Ele poderia estar mentindo.
Tenho certeza de que não era um mentiroso e creio que nem tenha problema mental. Pois quando volto o seu celular não parava de tocar e uma vez que atendi enquanto Fernando estava no banho era uma das primas que ele conheceu nos seus tempos de andança.
Ele disse o motivo da primeira partida?
Não, mas eu creio que seja pressão, cobranças que a vida faz a todos nós, quando nós perguntávamos ele dizia que precisava espairecer, mas esse espairecer dele durou um tempo de seis meses.
E o que você acha disso tudo?
Ele é esperto, acredito até que ele possa estar melhor do que eu, mas eu gostaria de saber como ele tá, o que ele pretende com esse espirito aventureiro, sabe aquela preocupação de pai. Desde quando nosso pai sumiu ,eu passei a fazer  esse papel para ele.
Quantos anos ele tinha quando seu pai fugiu?
Doze.
Cara você acredita que ele possa ter seguido os passos de seu pai na primeira fuga?
Não sei se ele seguiu os passos do meu pai, pois ele nunca falou das possibilidade de ter encontrado o nosso pai... mas ele pode ter imaginado os lugares que meu pai frequentava e para lá se foi...
Existe uma possibilidade de encontra-lo.
Qual foi a ultima grande perda de seu irmão?
A nossa mãe.
Já foi em algum lugar que ela frequentava?
Sim, varias vezes.
Você já foi no cemitério? 
Não.
Então vamos?
Ao chegarem na porta do cemitério Fernando estava lá, vendendo balas como da primeira vez que fugiu, arrumando uma forma de se sustentar e tentar viver, dessa vez não vivia perto das festas mas perto do luto e da tristeza para valorizar a vida. Quando questionado ele dizia que precisava cuidar do tumulo da mãe.
As suas fugas eram parte de sua emoção, ele vivia a procura de quem tinha o deixado e foi assim que seu irmão resolveu deixa-lo para sempre, e sempre Fernando procurava seu irmão nos lugares onde Renan gostava de estar, nas livrarias, Bibliotecas e nas igrejas. Renan sempre a um passo a frente observava seu irmão de longe enquanto Fernando lhe procurava ia pegando intimidade com o  mundo do irmão que resolveu desaparecer para que Fernando aparecesse dando tranquilidade para a vó com quem passou a viver.
"Fujo para que viva, meu fraterno"

Por: Darlan Grossi - Revisão: Jéssyca Pinheiro

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Batalha não esta perdida.

Havia tanta esperança de cura, aquela nação lutava sem dar sinais de derrota, mesmo quando se dizia que ela estava perdendo ou não se tinha esperança para aquela nação, alguns dias a população ficava abalada, fraca como resultado dos últimos confrontos, mas nos outros seguia adiante como conseguia, não pensava em derrota. Quando tudo aparentava estar bem um sábado de manhã enquanto o mundo inteiro descansava ela foi atacada com violência, aparente mente os rebeldes que faziam a segurança de seu território estavam usando sua terra, agredindo sua flora e usurpando daquele povo trazendo terror. Quando temos um aliado que pode nos prejudicar pensamos em lutar sem recurso, os dias frios foram adiante com muito trabalho, a cada dia que se passava o governo junto do sacerdote achou por bem pedir auxilio de outros aliados, mas era tarde os inimigos estavam por toda parte, primeiro os impediram de correr e logo em seguida para viver não podiam nem andar, aquela nação fora tão assolada que no terceiro dia de destruição da cidade a população não falava e as canções de esperança só chegavam sendo trazidas pelo vento das nações vizinhas que acreditavam na vitoria, a cidade foi tomada em chamas, as crianças choravam pelas ruas, os homens seguiam em silêncio como ovelha segue para o abate, as mulheres só se faziam chorar e orar para Deus aliviar tanto sofrimento. As fumaças sufocavam os pulmões daquela nação, a cada dia uma tentativa de se manterem vivos, havia comida mas a doença tirou o apetite até do mais glutão que vivia naquele lugar. Os que morreram não foram enterrados ficaram espalhados  pela cidade fazendo a alegria dos abutres, e dos peçonhentos que saiam da terra para se alimentar da carne sobre o solo, a cidade acabou mas os que viveram estão por ai, enquanto tiver lembrança haverá esperança do grande dia em que o Rei virá restaurar aquela cidade devastada pela guerra. É essa esperança que nos fez seguir em meio ao luto e a dor da perda, ainda dois os dias apos a destruição da cidade foram de prantos e reflexão, os mais esperançosos arriscavam trazer a memoria os dias de gloria daquela cidade prospera.

in memoria de E. S. Pinheiro

Esse texto foi escrito em meio ao luto e é uma narração dos últimos dias de luta contra o câncer de uma pessoa que continuou perseverante até seus últimos dias de vida, a força de vontade dela deixou-me muitíssimo admirado, "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor." Isaías 55:8, sendo assim Deus conhece o melhor para cada um de nós e assim ele resolveu sessar essa guerra.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Papel em Branco




Já era tarde da noite, eu só fazia olhar para o teto, na televisão nada interessante, o papel e a caneta passaram a noite me observando eu também os olhava intrigado, mas nenhum de nos dois tomou atitude, assim as horas correram, o despertador tocou e nada foi escrito. Finalmente vencido pelo cansaço, andei até a cama, Fechei os olhos o tec-tec do teclado estava a assombrar minha mente , logo ficou mais forte, virou um tec-tec de maquina de escrever, aquele som enlouquecia-me e nada tinha a digitar. Quando o dia clareou, aquele papel sobre a mesa parecia ter vida própria gritava loucamente "EU QUERO SER ESCRITO, ESCREVA, ESCREVA". Sentei peguei a caneta pus sobre o papel, na intenção de escrever mas nem sabia o que, na verdade naquele momento não tinha nada para ser escrito que mereça ser lido.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O Buraco - Parte III

A GRANDE CURA



Os dias foram passando, mas não importava quanto tempo havia passado o vazio continuava e Rogério nunca se acostumou, as vezes o buraco estava tão grande que mal conseguia se sentir vivo e foi numa dessas ocasiões que no meio do caminho do trabalho decidiu mudar o rumo, simplesmente passar a manhã sentado no banco da praça, vendo os pombos sendo alimentados por uma senhora, enquanto, outras pessoas corriam ou faziam Yoga, o sol ainda ganhava força, os passarinhos cantavam em cima de uma árvore morta e Rogério sentiu inveja dos galhos secos que mesmo sem vida se faziam mais vivos que ele com o cantorio dos pássaros.
Quando menos esperava um velho se aproximou e perguntou: Posso me sentar?
Como você diz não para um senhor em um banco de praça? simplesmente você não diz, apenas sorri e fala fica a vontade. afinal, o banco é público.
- Sinto saudades de quando eu tinha sua idade. Disse o Senhor ao Rogério e continuou: Desculpe eu me chamo Fernando.
Rogério apenas assentiu com um sorriso, mas o Sr. Fernando não parou por ai.
-Como se chama, meu jovem?
-Rogério.
-Você não me parece muito bem, terminou com a namorada?
-Não, eu sofro de vazio.
Rogério esperava que o velho nunca tivesse ouvido falar mas para sua surpresa  Fernando disse: conheço bem esse problema.
-Conhece?
-Sim, meu jovem, é mais comum do que se imagina, eu mesmo já sofri com um buraco imenso no meio do peito.
- Já sofreu? Existe cura?
- Sim existe cura.
Fernando contou toda sua experiência desde como ele percebeu que faltava alguma coisa e as mais loucas aventuras que a vida pudera lhe proporcionar, não muito diferente das curtições de Rogério, na verdade só mudou a época e o local onde se passava.
-Todas as nossas tentativas de preencher o vazio são frustrantes, pois não somos nós quem nos preenchemos.
-Não? Questionou Rogério surpreso.
-Não, quantos anos você tem?
-vinte e quatro.
Rogério estava um tanto impaciente em meio a paciência do idoso e respondeu cheio de pressa tudo o que Fernando lhe perguntava.
-Você tem a sorte grande meu jovem. só não ira se curar se for tolo o suficiente...
Rogério não intendeu o que Fernando queria dizer mas confirmou com a cabeça.
... a cura foi dada a nós há mais de dois mil anos...
- Do que o senhor esta falando?
- Do sangue de Cristo que foi derramado por amor aos homens.
-O que o sangue de Cristo tem a ver com isso?
- Durante quarenta e oito anos eu vim tentando encontrar a cura, confesso que algumas vezes eu quase me senti completo, por centímetros eu quase consegui preencher o vazio, mas não importava o quanto eu mesmo tentava fechar o buraco, meu esforço era insignificante.
- E quando entra o Cristo nessa história?
- Depois de tanto meu irmão me convidar para ir a igreja um dia aceitei. Quando cheguei lá parecia que Deus falava diretamente comigo...
-Essa é a curá? Rogério interrompeu com um ar irônico.
-Rapaz, esse vazio só pode ser preenchido com Jesus Cristo. Bem, você sabe o vazio é a falta de algo dentro da alma, do coração.
-Mas nós podemos preencher com muitas coisas.
- Rogério, Você pode ser o homem mais rico desse mundo, nunca lhe faltar nada, Mas o vazio estará lá. Eu tentei preenche-lo com viagens, filosofia, religião, álcool, sexo, maconha, cocaína, pornografia, antidepressivos,calmantes, namoradas, futebol e nada, o buraco variou de tamanho, mas nunca foi preenchido.
- Porque Jesus não vem e simplesmente nos preenche.
- Ele é amoroso, porém educado. Se você convidar Jesus, pessoalmente, para morar em seu coração, Ele vai ouvi-lo, ainda que você possa ser a pior pessoa deste mundo, se pedir, Ele vai lhe dar do pão e da água da vida.
Rogério riu e disse incredulamente: É só isso?
-Garoto, quando eu tinha sua idade, uma amiga da faculdade me fez o mesmo convite que meu irmão refez vinte e quatro anos depois. Espero que você não seja tolo o suficiente para sofrer tanto tempo sem aceitar a solução para esse maldito buraco.
Rogério se levantou com raiva do velho e saiu andando, no meio do caminho pensou em perguntar para o Sr. Fernando: E se eu não acreditar em Deus? mas quando ele chegou ao banco em que estava anteriormente sentado, o senhor tinha partido, no lugar havia um livro de capa preta e um bilhete que dizia:
Rogério, Mesmo que você nunca tenha acreditado que Deus exista , Ele vai falar ao seu coração através desta mensagem.
O Jovem olhou para o céu crendo que o velho só poderia ser um anjo e disse: Jesus, se você existe, faça morada dentro de mim. Depois dessas palavras Rogério começou a sentir o vazio ser preenchido até ser completamente selado.