quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Praça das Ilusões

A noite surgia e junto dela aquela mistura de cheiros, sons e pessoas era peculiar ao lugar; batata frita em óleo velho, pipoca, a fumaça da poluição dos ônibus que tinha sua característica especial, o barulho dos trens que passavam lotados na estação em frente à praça, as buzinas dos carros apressados, aquele lugar era especial para nós e seu momento mais glamoroso era na hora do rush, quando abríamos mão das horas que poderiam ser perdidas nos ônibus e trens espremidos como sardinha enlatadas, um castigo até para o mais vil pecador, para viver nossos devaneios entre pedestres, moradores de rua, pombos, recrutas, normalistas e vagabundos estávamos nós da centenária Escola Técnica Visconde de Mauá, pensava eu naqueles tempos de estudante que ali estava a liberdade juvenil, um trago no cigarro, um gole na cachaça com refrigerante (tomba) sem se importar com que os passantes pensariam ou do que acharia minha mãe quando chegasse em casa com aquele cheiro de bebida barata preferida dos que vivem na sarjeta. Nos divertíamos, acreditávamos estar vivendo a vivacidade de quem já viveu o suficiente para virar lenda ou contar histórias, gente como a gente que nasceu ou morreu na libertinagem juvenil e hoje toca em uma banda famosa, escreveu um livro legal, virou artista e foi dar uma entrevista para o Jô Soares, tantos passaram por essas ruas, quantos não ficaram por essas ruas? e tantos que saíram delas em saco preto?  Não pensávamos em nenhuma de nossas tragédias pessoais, nem contávamos nossos dramas, investíamos em papos de boêmio carioca que gosta de samba, rock e MPB, em voz e violão, em planos sem perspectiva, era como sonho mas a longo prazo, essas utopias de vagabundo que são bons para uns e outros que conseguem se dar bem na vida, no geral acordamos dessas ilusões quando encontramos um responsabilidade maior; um filho não planejado, a necessidade de trabalhar, um amor longe dali, um novo grupo em um outro lugar ou novas estradas. Mas nem todos tem a sorte de despertar dessa quimera, cujo um dia pensei ser boa para mim, foram  tempos perdidos quando acreditávamos ter todo tempo do mundo sem perceber que até o para sempre, sempre acaba . Ainda bem que esse "para sempre" acabou para mim, se voltasse ali encontraria gente vivendo de mentiras para fugir de suas tristes verdades, pessoas envelhecidas pelo tempo mas com o espirito jovem conservado pela praça olhando o trem passar levar consigo as oportunidades dessa breve vida.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Um dia atípico para um tipico papai Noel

Sábado pela noite, inicio de dezembro centenas de crianças andando com seus pais pelo shopping, comendo, comprando e especialmente tirando suas fotos anuais com o papai Noel. A fila estava dando a volta no corredor do Carioca Shopping nesse ano as crianças alem de falar com o papai Noel elas também iriam poder deixar cartas para o bom velhinho contando como se comportaram e o que queriam ganhar, alguns adultos se achegavam com o intuito de escrever sobre seu amores frustrados, seu ano difícil alem da falta de dinheiro que não permitiam fazer tudo quanto a mídia capitalista lhes ofereciam. Tudo ocorria em sua normalidade quando uma das assistentes do bom velhinho disse as outras: Meninas o papai Noel não quer mais atender...
Entre as meninas ouviam-se: E agora?- Como vai ser? Porém a pergunta que mais se destacou nos ouvidos foi: Por que? E a moça de vestido verde e gorro disse para as outras igualmente vestidas. Uma menininha que passeavam no Shopping veio até o papai Noel eles conversaram sem igual ela arrancou muitos how how how de orgulho do bom velhinho mas quando ele perguntou: O que vai querer Laís? E a menininha veio pedir a cura da mãe que esta indo de mal a pior dia-pós-dia definhando com o maldito do câncer... Todas as assistentes do papai Noel observavam sua companheira terminar de contar a caso, e por fim de forma frustrante o Noel teve que usar de suas simples palavras para falar com a menina, depois de tentar persuadi-las com supostos presentes que talvez ela fosse ganhar de algum parente legal, ele queria esquecer a sua incapacidade de fazer milagres e se ateve em breves palavras finais:Tudo vai ficar bem. Ele poderia ter dito Ide menininhas creia no Deus que faz milagres, mas seu ceticismo não lhe permitia ter fé em Deus. A menina se foi mas deixou o bom velhinho em lagrimas por sua limitação que de fato lhe deixou sem solução diante de um pedido vindo de lábios tão sinceros como os de uma criança, naquela noite não só o papai Noel chorou mas também suas assistentes e todas as crianças que estavam na fila, as porque não iriam falar com o papai Noel e outras porque se compadeceram do bom velhinho.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

BOLSA DE MULHER

     Bolsa de mulher, sempre cheia de estilo e charme, tem de tudo quanto é tamanho e modelo, tem de couro, de lona, de franja, com brilho e envelhecida. Elas podem ser de todos esses jeitos e precisam atender todas as necessidades da mulherada ou quase todas as necessidades, ainda não encontre a purse que faz sexo e muito menos a que paga contas em shopping.
     A grande questão é, como um compartimento pode comportar tantas coisas? Certa vez a pedido fui mexer na bolsa de minha esposa, na época ainda eramos noivos, quando abri aquele ziper dourado me surpreendi com tantas coisas, tudo muito colorido tive a sensação de estar diante da Time Square, olhando aquelas construções e telões bem coloridos, era só uma bolsa, por um instante fiquei tonto só de olhar. Naquele momento pensei na bolsa do gato Felix essa também cabia muitas coisas. Minha noiva apenas tinha pedido as chaves, porém a mão máscula e indelicada começou a mexer e remexer, via-se estojo de maquiagem, agenda, canetas, casaco, óculos de sol, protetor solar, guarda-chuva, creme corpo e uma infindável quantidade de objetos, coisas que até agora me pergunto; para que seve isto? Tudo aquilo ficou tão inexplorável quanto a selva amazônica no período do descobrimento. Instintivamente soltei um audível Ai!!! tirei a mão e vi sangue, me perguntei - Caramba, será que tinha algum Umpa-Lumpa vivendo aqui dentro? talvez uns nativos habitantes do fundo da bolsa? Era só um alicate de unhas perdido.
      É muito difícil para um homem pegar algo na bolsa de mulher, não tiro apenas pela bolsa de minha esposa, já tive que mexer em outras bolsas a pedido e com a devida autorização das donas, quando se é um homem de confiança  sua mãe, suas irmãs e até sua avó pedirão para você pegar algo dentro da bolsa. Mas hoje quando alguém diz pega um negocinho na minha bolsa, eu não e arrisco a pegar o objeto, pego logo a bolsa inteira e levo para a dona se intender com seus pertences, vai que acontece de um dia eu me perder dentro de uma bolsa, esse risco não quero correr. Não sei se os homens conseguem compreender esse objeto feminino que pode levar um arsenal de guerra, um escritório, um salão de beleza, um guarda roupas e o que mais for necessário carregar. Tamanha organização das mulheres para com suas próprias bolsas a ponto de se entender com a bolsa só quem é a dona, e se um homem se atrever a pensar muito nessa logística pode enlouquecer em uma loucura semelhante a daqueles que tentaram acalmar uma mulher de TPM, nesses casos do universo feminino tenho apenas um conselho aos meus amigos: Se afastar é a melhor coisa a se fazer.

Por: Darlan Grossi