terça-feira, 17 de junho de 2014

MORTE SECA E VIDA INJUSTA
Por:  Darlan Grossi

         Mais uma manhã no Hemo Rio,dia quente e insuportável, dentre muitos doadores que passam por aqui existe uma história que merece se contada. Marcelo a cada três meses vai fazer esse gesto rotineiro de salvar vidas com seu sangue, isso desde quando precisou de sangue um dia quando havia sido atropelado, o doador 1223, tipo sanguíneo O-, saiu caminhando a passos lentos com destino a Central do Brasil distraído chamou a atenção de quem não devia no meio do caminho próximo a Avenida Presidente Vargas mais precisamente em frente a Central da Rádio Mec, foi abordado por um branquelo, magro, com olheiras e sujo as mãos nem pareciam suas de tão encardidas em uma delas segurava um revolver:
     - Será que tá carregado? Questionou o jovem estudante de enfermagem mentalmente após té-la encostada bem próxima de si.
Uma hora dessas a pupila dilata, o coração acelera e você realmente não sabe o que vai fazer Marcelo como bom morador do Rio sabia que reagir seria tolice, então esperou as ordens do marginal.
        - Passa a bolsa e o celular. Foram as palavras desesperadas do assaltante cujo comportamento era de um viciado em abstinência.
      O estudante de enfermagem nem pensou duas vezes atendeu de pronto e imediato a ordem do assaltante.Afinal de contas seu Bilhete Único estava no bolso junto com a identidade que deixou separada para preenchimento das papeletas de doação eram as únicas coisas de valor naquele instante, além dos livros e cadernos com anotações que carregava em sua bolsa, mas esses que valor teria para um individuo que estava a se criminalizar com um pequeno furto?
      Quem também não pensou duas vezes foi um policial civil que no memento exato da abordagem o carro no qual dirigia parou no trânsito quase ao lado da ocorrência saiu do veiculo já com a arma em punho e não exitou em apontar para o ladrão e ordenou ao viciado que largasse a arma, o assaltante largou mas antes foi inundado de um grande ódio que o fez atirar em Marcelo intuitivamente como se o pobre homem tivesse culpa no cartório e da mesma forma o policial apaisana disparou contra o atirador.
      -Dois baleados na Praça da Republica. Ouvia-se o militar dizer pelo rádio. Aos poucos o trânsito parou e a rua encheu de curiosos, algumas testemunhas oculares do fato, funcionários da rádio já tomavam notas, policiais e mais policiais chegaram ao local. Uma idosa frequentadora da região dizia: É um absurdo a delegacia e logo ali e veio acontecer uma coisa dessa bem aqui próximo, ninguém respeita nada. E cadê a policia quando alguém precisa? Agora que aconteceu tem um monte deles aqui. Um homem intuitivamente respondia ao questionamento da senhora: Agora não adianta. Esse pensamento era o mesmo que passava pela cabeça daqueles que caminhavam por ali com constâncias.
      O assaltante ficou agonizando até o socorro chegar a policia estava ali para impedir o linchamento do bandido, o povo sempre tem um desejo sanguinareo por justiça mesmo quando o ocorrido é com um desconhecido, afinal poderia ser com um familiar de qualquer pessoa ali presente, já Marcelo não teve essa oportunidade de agonizar a espera de socorro, os olhos que brilhavam arregalados de pavor agora perdiam o brilho da vida. Mais tarde de maneira a consolar uma mãe desesperada ou faze-la sentir menos dor os peritos disseram que o falecido teve uma morte instantânea, nem houve tempo de sofrer. Se lamentava a morte de mais um jovem, um futuro frustrado, mais um para estatistifica de violência no Rio de Janeiro, mais uma mãe inconsolável que dizia nos jornais que o filho deveria ser chamado de santo, pois estava voltando de um ato de amor para com o próximo quando a tragedia aconteceu. Um fato que passou despercebido para a mãe, a policia e os repórteres é que o assassino que matou o pobre estudante foi socorrido por uma ambulância que lhe deixou no Hospital Souza Aguiar onde foi submetido a uma cirurgia com pouca chance de sobreviver, ele tinha uma tipagem sanguínea rara e por sorte na manhã daquele mesmo dia houve uma reposição no banco de sangue do Hemo Rio, a recuperação foi bem sucedida e o criminoso foi encaminhado ao presidio onde nem se quer sabe que o homem ao qual matou mesmo depois de morto salvou a sua vida.

Um comentário:

  1. Muito bom. Fiquei impressionado e envolvido com a história... Parabéns
    Pr. Vinicius

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